sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Volta às aulas


         Chego à escola pública no primeiro dia de aula. Tudo me parece novamente um caos. Cinco anos em 5 escolas diferentes. Não tem amizade que resista a tantas mudanças. Queria seguir lecionando na última escola onde trabalhei no último ano, tocar os projetos com os antigos alunos (agora eles são antigos), e visualizar os efeitos do que tentei plantar. Será que teria frutos? Agora não sei. No fundo, nada disso importa mais.
      Me apresento. Cumprimento futuros colegas. Acho a escola feia. Tudo depredado e sujo. A primeira impressão de repente vai se tornando a impressão de sempre. Que chato. Eu sou muito chato e detesto conhecer novas pessoas. Penso que escolhi a profissão errada. Eu penso nisso exatamente no momento em que cumprimento as pessoas. Não quero conhece-las, mas é como se eu fosse obrigado isso. Logo serão meus colegas de rotina, talvez um e outro sejam meus novos amigos. Amigos que desperdiçarei e deixarei para trás em 1 ano. Triste.
       As férias terminaram, professores e alunos se reencontram. Professores e a alunos se conhecem, se estranham. Todos parecem tão esquisitos, tão sem graça. Preferia os alunos antigos. Os alunos novos me olham, sei que eles preferiam os professores antigos também.
       Escrevo na lousa, aguardo o silêncio. Ponho meu nome, data e disciplina. A maioria torce o nariz. Todo ano é igual. Todo ano me mudam de escola, e todo ano penso em deixar a profissão. Será de propósito que o Estado faça isso? Teorias da conspiração me cansam.
       Os alunos silenciam. Dou boa tarde. Todos respondem uníssonos, chegam a gritar. Dou um sorriso discreto, conheço aquele ruído. Adoro 5ª séries. 
       Vai começar tudo de novo. O caos.