terça-feira, 2 de julho de 2013

A aula perfeita

     Sempre me perguntei qual seria a aula ideal. Aquela aula que fizesse os alunos adorarem, entenderem tudo, a aula perfeita!
     Parece impossível, eu sei.
     Já tentei trabalhos eletrônicos, projetos de ciências, feira cultural, debates, embates ou mesmo demonstração prática do que estamos estudando; foi em vão.
     Tentei também o bom e velho 'terrorismo', ameça de notas baixas, de média vermelha, de reprovação, etc., mas nada também.
     Sim, é verdade. Agora recordo-me. A aula perfeita acontece nas salas de aulas do EJA (educação de jovens e adultos) e em cursinhos pré vestibular comunitário. E é fácil compreender a razão.

     Aí eu paro e penso: "mas eu já tenho a aula perfeita!"
     Em lugares assim, geralmente, pessoas buscam formação já depois da idade adulta, e encontram também o conhecimento, que é tão ou mais importante que o certificado de conclusão do Ensino Médio. Lá, surpreendo-me sempre com a dedicação e a alegria dos alunos (às vezes mães e pais de família) quando compreendem uma fórmula, quando conseguem calcular juros e porcentagem, quando manipulam corretamente frações e decimais, ângulos, soma, subtração e divisão de x e y.
     Lá, e parece que somente lá, a escola faz um sentido completo.
     Fora dali, o que vejo são jovens mimados e bem alimentados. Fartos da própria insignificância. Eles têm tudo: tênis bacana, notebook e presunção. E vivem dizendo que a escola é uma bosta, que estudar é uma bosta, e que dariam qualquer coisa para terem outra vida.
     No EJA, bem como em lugares afins, vejo a surpresa ante o conhecimento. Vejo alegria. E é curioso pois lá o salário é beeeeem menor (às vezes nem recebemos). Mas compensa a realização profissional.
     Em suma, penso que todos deveriam estudar somente quando "adultos". É como se nessa idade, apenas, as coisas fizessem maior sentido. E melhor também.
     Caos, decepção e férias. Por ora.