Não deu certo.
Mas não é demasiado afirmar que a ideia original da Progressão faz todo o sentido. Mas só a ideia. A prática esta há anos-luz de distância e provavelmente jamais a alcançaremos.
Uma pena. Mas é uma verdade.
Mas não é demasiado afirmar que a ideia original da Progressão faz todo o sentido. Mas só a ideia. A prática esta há anos-luz de distância e provavelmente jamais a alcançaremos.
Uma pena. Mas é uma verdade.
Convivo com pequenos alunos que ingressam na 5ª série (atual
6º ano), que chegam às salas de aulas excitados, de olhos arregalados. Tudo lhes é novo. E tudo é muito difícil. Eles
vêm despreparados, em grande número analfabetos, e por infindáveis razões
torna-se improvável ensinar-lhes potência,
análise sintáxica ou contexto histórico da África. Mas ainda assim vejo colegas se virando como podem,
contando vitórias e derrotas, em meio a um turbilhão de deficiências e
necessidades.
Pedir que aprendessem tudo num único ano letivo é realmente bobagem,
e então a Progressão Continuada, em teoria, encaixa-se como um modelo possível
para esses problemas. Mas apenas em teoria – como disse.
Alunos não são reprovados e até a 8ª série – como é do ser
humano – aproveitam-se dessa brecha para não darem a devida importância ao
aprendizado contínuo. Na 5ª série, meninos e meninas ainda se esmeram. Na 6ª
série, começam a ratear. Da sétima em diante, com os namoricos escondidos – ou
não – tudo desanda de vez. Então é o caos.
Boa parte desses jovens abandona a escola antes de
completarem a 8ª série (9ª ano), e bem poucos seguem para o ensino médio. Os
que conseguem, têm deficiências tão gritantes que muitos colegas desistem e
faz-se uma vista grossa generalizada. Nesse instante a violência, o desinteresse
e mesmo o uso de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas praticamente inviabilizam
o trabalho docente. Professores passam a se contentarem com pouco, com
trabalhos e provas de baixo nível, e aprovam jovens estudantes completamente
despreparados para os melhores vestibulares.
Claro que há exceções, entre escolas, colegas e estudantes.
Mas estes são ínfimos.
Permitir que esses jovens continuem aprovados pela
Progressão, ano após ano, é um crime hediondo. Para dizer o mínimo.
Ou se oferece uma via de trabalho de fato condizente com a
nossa realidade, ou extingue-se tal modelo. Como está, não dá. É o caos.