segunda-feira, 14 de abril de 2014

Empresa?

Professores ou administradores? 
É preciso escolher definitivamente e refundar o nosso modelo escolar...





                Porque professores têm de gerenciar uma escola, um grupo de outros professores e verbas administrativas? Porque nós, professores, que formamo-nos para lecionar e agir dentro de sala de aula, somos encarregados de administrar as unidades escolares? Pior que isso, há quem brigue [e muito] por essa espécie abstrata de poder...                

                Choca-me que ninguém diga nada a respeito. Ao contrário, a maioria irrita-se com comentários desse tipo. Mas, ainda assim, cabe uma reflexão que creio seja importante: tenho eu [ou qualquer outro que tenha se formado professor] talento ou habilidades específicas e adequadas para gerenciar toda uma escola? 
               Creio que não. Sinceramente não.
               Se essas habilidades e talentos houvessem, verdadeiramente, é certo que nenhum de nós perderia a oportunidade em praticá-la em larga escala nas principais empresas do Brasil. Mas, ao invés disso, aventuramo-nos em regiões difusas onde os desafios requerem muito mais um pessoal qualificado [especialista eu diria] e muito mais hábil no trato administrativo que qualquer professor genial. 
               Eu, por exemplo, dou aulas de matemática em escola pública e privada. Exerço minha profissão de formação por quase dez horas por dia, de segunda a sexta [sem contar o tempo gasto na ida e vinda sob o caótico transporte coletivo] e não me imagino de forma alguma agindo com a papelada administrativa que uma escola exige, a burocracia e as parcas verbas, as regras de gastos e os investimentos, gerenciamento de pessoal, etc., etc., etc. Contudo, vejo que muitos colegas professores também não têm essa habilidade [e aqui não há um desrespeito gratuito ao profissional, mas sim uma constatação sincera] e perdem-se ora em ideologias incipientes, ora em esforço improdutivo, ou mesmo numa forma de "encostar-se" e fugir da sala de aula para ocupar-se em funções mas "leves" e sem maiores cobranças [sim, sabemos que isso ocorre, e muito].
                 Se o que estou dizendo não fosse verdade, não teríamos tanta ingerência e tanta incompetência no trato da coisa pública, tantos desmandos nas Diretorias de Ensino, tanta demora na resolução de simples questões, de problemas irrisórios, bem como no melhoramento contínuo da qualidade da escola em si [o objeto principal, aliás]. Que tente um professor solicitar algum tipo de material, qualquer coisa, e verá o tamanho da incapacidade da escola [e sua respectiva "administração"] em solucionar o caso, em subsidiar o docente à uma aula minimamente decente. E questionar os gastos de verbas, então, nem pensar...
                Professor é professor. E não "pessoal administrativo".
                Caos é caos.