quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A sós


Estamos todos sós. 


                     
            Interessante conversar com alguns colegas e notar semelhanças de raciocínio, ideais e desejos utópicos. Mas ainda notar o quanto alguns ainda estão arraigados no velho modelo crítico ante imperialista. "O governo" é culpado disso e daquilo, o "governo" é o responsável por isso e aquilo outro... Triste.
           Conversas assim geralmente são muito improdutivas. É difícil dialogar com gente que não vê solução e enxerga apenas problemas. O Estado é falho em todas as áreas, em segurança, saúde e [na parte que me toca] educação. Eu sou a educação. Eu sou o Estado. Sou um braço seu na linha de frente da batalha. Quando alguém diz "o governo é uma merda" e "a educação esta uma merda", me sinto particularmente apontado sob o dedão da sociedade. Eu sou o Estado. E dentro da escola eu sou o único que verdadeiramente pode fazer alguma coisa. Ou alguém imagina que o govenador e o prefeito saibam EXATAMENTE como funciona uma escola por dentro? De certo que não.
           Trabalhar como professor na Dinamarca talvez seja mais fácil, não sei ao certo porque nunca estive lá, nunca estudei numa escola dinamarquesa e tô cagando para quem nasce na Dinamarca. O meu foco é o Brasil, mais especificamente a loucura que é essa metrópole chamada São Paulo e, ainda mais fundo, o extremo da periferia na zona sul da capital. Simples assim. O que há de se fazer aqui, nesse bairro, nessa escola, agora? Isso me interessa muito mais. Xingar o governador e dizer que os políticos são todos um bando de babacas é fácil, e pode-se até ganhar pontos com a plateia, mas não funciona para mim. Em poucos minutos volto para a sala de aula, e o que me adiantou esse discurso vazio? Nada. Sinceramente.
            Às vezes parece que falo só. Que penso só. Que vivo só num amontoado de gente estúpida. E de fato isso é verdade. [As exceções são tão poucas que nem vale a pena ressaltá-las].
           Pessoas gastam horas todos os dias em bares e igrejas, mas estão pouco se lixando para as escolas de seus filhos. Uma merda, sem dúvidas. Estamos todos só e vamos juntos para o buraco. É isso. Dentro do caos.


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