terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Zero

Dar nota zero a um aluno dói tanto 
quanto recebê-lo.


          Distribuo as provas corrigidas. Todos estão ansiosos, querem saber as notas da última prova. Para que a ansiedade? Todos não sabem se estudaram ou não?
           Vejo as expressões. Susto. Medo. Pânico. A escala é sempre ascendente.
           Vejo as decepções. Ansiedade. Desânimo. Cara feia. Aqui a escala é descendente.
           Porque um aluno tira nota zero? Como um aluno consegue sempre tirar nota zero? Essa questão me intriga...
            Faço um comunicado. Falo da minha própria frustração, do quanto foi amargo corrigir provas tão ruins. Encerro como sempre encerro, dizendo que fiz o meu melhor (o que é verdade) e que esperava muito mais deles (o que também é verdade). 
            Nota zero é difícil. É o pior dos casos, o extremo dentro da sala de aula. Em escola pública e particular, ambos se identificam sob as mesmas justificativas: alienação da família, desinteresse extremo do aluno, descaso generalizado de todos. O caos, quando vem, traz consigo uma dolorosa nota zero.