segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Halloween

Abóboras, caos e delinquência cultural.



             É curioso como o brasileiro ainda se entusiasma com a cultura alheia, com os personagens alheios, e dedica tempo, dinheiro e energia à estórias que nada tem a ver conosco. É por essas e outras que os americanos dominam todo o mundo: afinal, eles nos venderam o seu estilo de vida, seu modo de viver, suas crenças e seu próprio folclore.
             Oras, que tem a ver o Halloween com o nosso povo, nossa história e nosso próprio folclore, aliás? Que há de errado com o nosso folclore? O Saci e a Mula sem cabeça, o Curupira e tantas outras estórias já não são mais do que suficientes?
             Entendo todos esses conceitos de cultura e de aculturação (um processo complexo onde um povo recebe influências profundas de outrem, etc., etc., etc.). Contudo, ainda penso que se poderia incentivar a prática e o profundo conhecimento dos nossos próprios personagens folclóricos, nossas estórias, e a história contida na trajetória desses. 
             Receber influências externas cegamente, de outros países com suas culturas impostas, é tão saudável quando beber detergente líquido. Pior: fomentar apenas esse viés é tão maléfico quanto. Há mais riqueza em nossa própria cultura quanto em qualquer outra. Entretanto, persiste ainda o mesmo modus operandi de sempre: o complexo de cachorro vira lata do qual Nelson Rodrigues tanto falou. A ideia de que a grama do vizinho é mais verde que a nossa permanece: a cultura de países desenvolvidos nos parece melhor e mais aprazível que a nossa própria...
             Enquanto isso, o caos fantasia-se de vela dentro de uma abóbora.