segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Ônibus

Da série: "Ônibus que não odiamos"...

Parte 1: percurso





            Há 2 semanas deixei o carro em casa novamente. Passei a ir trabalhar nas duas escolas de ônibus e, por diversas razões, minha vida virou o inferno.
             Levo 90 minutos de manhã para chegar, e 3 horas para voltar pra casa. Contando com o percurso do meio dia (da escola particular para a pública, da manhã para a tarde) com + 35 minutos, soma-se o total de mais de 4 horas dentro de um ônibus por dia. Terrível é viver assim.
             Mas apenas a demora no ir e vir não é bastante para causar um sofrimento digno de pena, tem mais, tem sempre mais.
             Choca-me a parcimônia e o jeito abobado do povo, que não reclama e não se importa; parece acomodado ao caos (sic!), parece conformado com o próprio destino. Ouvi por diversas vezes senhores e senhoras rindo-se ante o aperto dos ônibus, dependurados na porta, dizendo frases do tipo "vida de pobre é assim mesmo", "fazer o quê?", "ruim assim, pior sem isso". Além de muitas outras bizarrices.
             Discordo da ideia de que o povo não tem discernimento sobre sua própria força e poder, entretanto, parece-me que a maioria vive sob a influência maléfica de um doping pesado... ninguém pode sofrer tanto e com tanta mansidão.
             No Terminal de ônibus de Santo Amaro (zona sul de São Paulo), por exemplo, é preciso esperar por 50 minutos para conseguir apenas entrar num ônibus, e mais 1 hora e meia até chegar em casa. O que é um absurdo, dado o trajeto de apenas 14 Km de distância (média de quase 5 km/h).
              É o caos querendo ir na janela dando tchauzinho.