quinta-feira, 13 de junho de 2013

Só + organização


      A sala de aula esta lotada. Hoje entraram mais dois alunos (gêmeos) para somar um total de 40 alunos. Caos. Lógico.
      É impossível atender a todos, é improvável que eu saiba seus nomes até dezembro. Enquanto copiam os exercícios da lousa, com a lentidão típica de uma 5.ª série, observo do canto uns poucos forçando as vistas para enxergar os números. Outros, mais lentos ainda, fingem copiar para disfarçar o analfabetismo. Enquanto uma meia dúzia se destaca e faz tudo de forma rápida, eficiente e correta. Mas esses são a minoria, claro.
      Nas periferias da sala uma imensidão de desinteressados, preguiçosos e indisciplinados cumprem à risca a rotina de tumultuar a aula. Antigamente essa turma sentava-se no fundão. Era só ignora-los e tudo estava certo. Hoje, são como a nova classe média: tão artificial quanto insustentável. Estão espalhados por todos os cantos e fazem mais barulho do que produzem.
      Tento explicar o básico de Potência: fracasso. Então reviso multiplicação, e observo que poucos sabem sequer qual é a centena, a dezena e a unidade: cansaço.
      Berro pela terceira vez para um, para outro e assim sucessivamente.
      Passo outra lista de exercícios (dessa vez facilito ainda mais) e noto que o cenário se repete: os espertos terminam rápido, os analfabetos simulam e os problemáticos tentam manipular celulares, alimentos e cigarros por debaixo das carteiras: frustração.
      Há anos quando entrei numa sala de aula pela primeira vez alguns colegas já veteranos riram de mim (como boas vindas), e disseram para desistir. Hoje, após alguns poucos anos, vejo soluções mais do que vejo problemas. E posso garantir que toda solução é factível e esta ao nosso alcance. 
      Falta organização. É isso. Falta muita organização e aposto que, apenas isso, ajudaria em mais de 50%.
      Eu estou submerso no caos.