terça-feira, 4 de junho de 2013

Órfãos


       Com muita frequência reflito e faço críticas à nossa sociedade.  Observando pequenos cidadãos entre 10 e 11 anos de idade, fica fácil notar o quão grave nosso país está. Mas outra observação, também, se faz importante e até necessária: sobre nós, os Professores.
       Não é comum ver e ouvir relatos auto avaliativo de um Professor. Na verdade nunca os presenciei. Ao contrário, sempre nos colocamos como vítimas e reclamamos direitos vilipendiados. Tudo certo, tudo válido. Mas necessário é examinar o nosso próprio trabalho, já que ninguém o pode fazer sem ser achincalhado, e responder a uma pergunta deveras pertinente: fazemos o nosso melhor?
       Posso adiantar que não. Nem de longe.
       É certo que nos falta estrutura, materiais e meios para elevar o nível de nossas aulas. Mas também é fato que uma maioria constrangedora de Professores é omissa ante o seu papel. Sempre que surge um novo movimento de greve, desses que exigem muito para conquistar o mínimo, fico imaginando o que aconteceria se o Estado cedesse. Como seria se, de repente, a Secretaria de Educação desse não apenas 50% de reajuste salarial, mas 60%? 
       E se todas as reivindicações fossem atendidas, como melhorias estruturais, salários, etc.? O que faríamos? Nos mobilizaríamos em prol de uma melhoria consistente e eficaz da educação?
       Não é o que eu vejo agora. E provavelmente não veria depois.
       Passando os últimos 5 anos em cinco escolas diferentes, vi algo comum em todas estas: despreparo, desinteresse pelo conteúdo ensinado, guerra de egos, grupinhos guerreando contra grupinhos, e queixas. Muitas queixas!
       Acho que nos acostumamos a isso, e se algo de verdade mudar, ficaremos órfãos de nossos graves problemas.