sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Star #1

Brilho 




              Entro na sala de mal humor. Ocupo minha mesa, abro o diário de classe e procuro a ordem dos nomes, números e começo a fazer a chamada. É realmente cruel estudar matemática [e qualquer outra coisa] às 7 horas da manhã...
                Esta é a pior sala da escola, com o maior número de alunos indisciplinados, repetentes e de casos graves de violência e até criminalidade. É humanamente impossível ouvir minha própria voz. Sigo chamando pelos nomes, em ordem alfabética, a maioria não me escuta. Eles gritam, riem e berram qualquer coisa com seus fones de ouvido no último volumo. É crime estadual, mas ninguém obedece a lei que proíbe o uso de aparelhos celulares dentro das escolas.
Chego na letra S, paro, observo novamente. Que raio e nome é esse? – eu me pergunto. Então repito-o em alta voz:
              - Star Torres Silva!
Parece que não estou ali, que não há regras, leis ou normas a serem seguidas. Então eu berro novamente:
              - Star! Quem é “Star”?
               Do outro lado, sozinho e quieto, um menino desmilinguido ergue o dedo. “Presente”, ele diz. Suas roupas não são das melhores [a maioria dos seus colegas de sala adora exibir marcas e etiquetas], e sobre a cabeça um boné esfarrapado. Minha nossa... o que há de errado com essas mães?
            Star, meu amigo – eu penso, olhando-o à distância - você esta mesmo presente. Entretanto, nesse céu você não brilha...


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