Brilho
Entro na sala de mal humor. Ocupo minha mesa, abro o diário
de classe e procuro a ordem dos nomes, números e começo a fazer a chamada. É
realmente cruel estudar matemática [e qualquer outra coisa] às 7 horas da
manhã...
Esta é a pior sala da escola, com o maior número de alunos
indisciplinados, repetentes e de casos graves de violência e até criminalidade.
É humanamente impossível ouvir minha própria voz. Sigo chamando pelos nomes, em ordem alfabética, a maioria
não me escuta. Eles gritam, riem e berram qualquer coisa com seus fones de
ouvido no último volumo. É crime estadual,
mas ninguém obedece a lei que proíbe o uso de aparelhos celulares dentro das
escolas.
Chego na letra S, paro, observo novamente. Que raio e nome é
esse? – eu me pergunto. Então repito-o em alta voz:
- Star Torres
Silva!
Parece que não estou ali, que não há regras, leis ou normas
a serem seguidas. Então eu berro novamente:
- Star!
Quem é “Star”?
Do
outro lado, sozinho e quieto, um menino desmilinguido ergue o dedo. “Presente”,
ele diz. Suas roupas não são das melhores [a maioria dos seus colegas de sala adora exibir marcas e
etiquetas], e sobre a cabeça um boné esfarrapado. Minha nossa... o que há de
errado com essas mães?
Star, meu amigo – eu penso,
olhando-o à distância - você esta mesmo presente. Entretanto, nesse céu você
não brilha...
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