quinta-feira, 24 de abril de 2014

Senna

Ayrton Senna seria o mesmo ídolo 

se surgisse hoje?



             Me pergunto isso há 20 anos.
             Às vésperas de completar mais um aniversário de sua morte, busco outra vez essas e outras questões em minha mente: Ayrton Senna foi um ídolo maior porque éramos carentes demais?
              Para os jovens e adolescentes que não sabem, que não eram nascidos na época, fica difícil tanto explicar quem foi Senna quanto o pandemônio que o Brasil representava. Para quem estava lá, quem viveu aqueles tempos, é mais simples discutir essa questão, a ideia de um ídolo que "preenchia" alguns espaços vazios em nosso imaginário, quando o que mais queríamos era encontrar a nossa verdadeira identidade. 
             A verdade é que não havia alegria, não havia esperanças concretas. A inflação e o desemprego, a violência, o caos. Nada disso hoje existe naquela proporção. Não mesmo.
              Imagino se Senna seria amado hoje, se suas vitórias e títulos mundiais seriam tão comemorados quanto antes, e se o gesto de erguer a bandeira do Brasil significaria agora o antes significava. 
              Acredito que não. Sinceramente não. 
              Especialmente o gesto da bandeira, esse sim, já tão exaurido e vilipendiado. Há certas coisas que são importantes apenas porque aconteceram pela primeira vez, e é só isso. 
             Senna esta longe agora, esta aqui nas minhas lembranças e no espaço-tempo que nunca irá voltar.