Comparações são horríveis, eu sei.
Mas lecionando em 2 escolas tão diferentes o dia inteiro, particular de
manhã e pública a tarde, é impossível não ser confrontado por 2 realidades brutalmente
opostas.
Na particular, os donos da escola circulam pelo “estabelecimento”
vigiando, como quem cuida do seu patrimônio, observando a ordem e as demandas
do dia. Quase todos os problemas são resolvidos (ou pelo menos encaminhado).
Na pública a vigilância é branda, mansa, molenga. Ninguém é dono de nada
porque o que é público não tem dono. Inspetores e funcionários não têm poder
efetivo, e ninguém sabe ao certo quais são as regras (é possível que nem
existam).
Na escola particular os alunos, professores e funcionários são cobrados
integralmente. As vezes, a corda sempre arrebenta pro lado dos professores. E é
preciso caprichar no trabalho pois certamente seremos cobrados por isso. Por cada palavra, cada gesto e todas as atitudes.
Na escola pública a única cobrança é a íntima e pessoal de cada profissional. Pais, alunos e a
comunidade não se importam com resultados. Se o aluno passa de ano, tudo
bem. Se ele não aprende, tudo bem também. É terra de ninguém e todos estão surdos.
O mais triste é dizer que a escola pública (tão marginalizada e
abandonada) paga muito mais e melhor que as escolas particulares. E que em
ambas os professores são os mesmos.
Em ambas, também, temos todos os tipos de alunos, dedicados ou não. A diferença fica mesmo na estrutura e organização: o que gera respeito e seriedade por parte de todos.
Para mim, uma lista reduzida de soluções ajudaria a resolver parte
substancial dos problemas da escola pública: a primeira é que a escola TEM
SIM que ter um “dono”, um “chefe”, um líder que tome as rédeas e que solucione
os problemas doa a quem doer. Entre muitas outras coisas.
Em todas as escolas em que trabalhei (foram cinco diferentes, em 5 anos)
sempre que um diretor tentou ser o “chefe”, tentaram derruba-lo. E conseguiram.
Caos. Ódio. Decepção.
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