"Se as famílias se omitem, a escola precisa agir"
Luiz Carlos de Menezes: físico e educador da USP
Numa coluna na revista Nova Escola, o educador tratava sobre a responsabilidade da escola em solucionar problemas de alunos indisciplinados, mesmo quando a família se torna totalmente omissa.
A minha resposta, por e-mail, segue descrita tal qual foi enviada:
Caro educador Luiz Carlos,
apreciei suas observações na Revista Escola [edição 245], de 2011, sob o título "se as famílias se omitem, a escola precisa agir"...
Li essa revista essa semana [mesmo passados tantos anos da edição], porém, o tema é e infelizmente será sempre atual. Concordo que a escola pode interferir e agir positivamente para resolver evidentes omissões familiares. Contudo, como professor tanto da rede pública quanto da particular, penso que nenhum profissional hoje dispõe de algo extremamente valioso para tanto: tempo.
Numa aula de 50 minutos [no colégio particular são apenas 45] é por vezes inviável conseguir acalmar a todos, organizar fileiras, mesas, alunos, lousa, repassar conteúdos, corrigir cadernos, tirar dúvidas, repassar conteúdos novamente e, ainda, auxiliar estudantes com problemas familiares e/ou indisciplinados que atrapalham e muito o decorrer da aula.
Agora multipliquemos esses rápidos 50 minutos e todo o amontoado de tarefas por seis, às vezes oito aulas por dia numa escola, e em seguida por mais cinco, seis ou mais oito aulas numa outra instituição.... Deu pra entender, né? Pois bem. Acredito na profissão e nos profissionais, contudo, penso que todo o modelo esta errado. Todo ele.
Se assim não o fosse, teríamos maiores e melhores ferramentas.
Hoje, em escola da periferia de São Paulo, capital, [a maior metrópole da América Latina] disponho apenas de giz, lousa e alguns colegas já muito cansados.
Do outro lado, ao contrário, temos muita cobrança do Estado, das famílias, da opinião pública e de pseudos especialistas [cujos os pés nunca pisaram em escolas públicas, aliás]. Posso juntar a isso tudo muito vandalismo, agressões verbais diárias e diversos casos de agressões físicas a professores. Parabéns [ainda que tardiamente] pela inciativa da discussão e reflexão.
Um forte abraço.
Luciano S. Santos
Professor de Matemática