quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Tudo é mal feito
Se é público
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           É curioso ver professores reclamando da péssima qualidade dos serviços públicos. Nós, também executores de serviços públicos, temos uma obrigação especial com relação a isso. Uma obrigação que raramente reconhecemos como nossa, aliás.
            Todos os dias centenas de professores simplesmente não vão trabalhar, e as razões são inúmeras e dos mais variados tipos. Há os que faltam por motivos de saúde, contratempos no trânsito ou acontecimentos de última hora. Mas há também os que simplesmente não vão. Deveriam estar lá, deveriam cumprir seus horários, mas apenas não comparecem. Em via de regra são esses os profissionais que acumulam cargos em duas ou mais instituições de ensino (há exceções, mas são raras) e escolas públicas Estaduais são sempre a última escolha no momento de decidir prioridades. Se é preciso faltar ao trabalho em algum dos empregos, que seja na escola estadual - já que noutros eles são diretores, coordenadores ou apenas recebem muito mais dinheiro e cobranças em colégios particulares.
           Não é preciso nem dizer que o trabalho dos outros profissionais que, por inúmeros motivos não faltam ao serviço, fica profundamente prejudicado. Há uma verdadeira balbúrdia dentro da escola quando mais de três ou quatro deixam de comparecer, por turno, sobrecarregando demais todo o ambiente com o dobro de demandas a cumprir. Três ou quatro é um dia comum numa escola pública estadual, especialmente em periferias de grandes centros com São Paulo (onde estou). E não parece haver nem de longe qualquer solução que resolva isso, ao menos não sem quebrar por dentro velhas mamatas, velhos direitos que sabotam mais do que ajudam em nosso dia a dia.
              O serviço público é, em geral, lugar de gente menos instruída e comprometida com as suas realizações. O convencimento ideológico e bandeiras partidárias falam muito mais alto que a noção de nossas obrigações como servidor, tudo parece sobrepor nossa real função nesse conjunto que é o de servir. Se a escola pública fosse uma empresa da iniciativa privada, já teríamos  falido décadas atrás.


            Caos, porque você falta tanto?